segunda-feira, 27 de julho de 2009

Novos rascunhos, mais interessantes -06.07.09-

Clarice, voltei! E carrego em mim todas aquelas perguntas que não acabam. A mais importante delas: a realidade que a literatura me oferece sobrepõe as outras que trago na bagagem?
A propósito, desculpe por ter fugido. (Despropósito – nós sabíamos que era por pouco tempo...)

As respostas vão aparecendo... -08.07.09-

"— Sabe, Lóri, disse ele agora sorrindo. Depois que encontrei você umas três ou quatro vezes — por Deus, talvez tenha sido exatamente da primeira vez que vi você! — pensei que poderia agir com você com o método de alguns artistas: concebendo e realizando ao mesmo tempo. É que de início pensei ter encontrado uma tela nua e branca, só faltando usar os pincéis. Depois é que descobri que se a tela era nua era tambémenegrecida por fumaça densa, vinda de algum fogo ruim, e que não seria fácil limpá-la. Não, conceber e realizar é o grande privilégio de alguns. Mas mesmo assim não tenho desistido. Não, continuou ele falando como se ela não estivesse ali, não é mesmo com bons sentimentos que se faz literatura: a vida também não. Mas há algo que não é bom sentimento. E uma delicadeza de vida que inclusive exige a maior coragem para aceitá-la." C.L. in Uma Aprendizgem ou O Livro dos Prazeres

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Há uns dois meses atrás...

Jéssica, você é muito bonitinha! Gosto de você! Você não é leve nem pesada. Quer dizer, você é leve e pesada. E eu tenho a impressão que isso é bom, amiga.
O meu hoje é me resgatar. Acho que me simplifiquei demais nos últimos três anos. Havia alguma coisa na minha cabeça que me dizia que construir uma família e vivenciar a realidade (saca? pessoas indo à padaria de manhã, levando seus pets e filhos para dar uma volta; ou, aquelas que não tem filhos nem pets, saindo para ir trabalhar, estudar, comer fora, indo ao cinema, rindo em volta de pessoas, rindo uma risada simples... Isso! Saca pessoas simples? Realidade real simples?) não casava com todo o resto que acontece dentro de mim, que é o meu lado pesado - ou não, depende do ponto de vista.
É assim, eu penso muito! Eu imagino muito! Eu recebo muitas mensagens que eu não sei de onde vêm. Isso é bom e é ruim. É bom porque enxergo a melhor parte da condição humana que me acomete. Esse cérebro me afasta das pessoas da sala de jantar, ocupadas em nascer e morrer - Mutantes, lembra? É ruim porque meu verbo é cuidar. Eu nasci para isso. Cuidar de (e, portanto, conviver com) mãe, irmãos, marido, filhos, amigos. E, não sei, parece impossível conciliar essas coisas.
Na verdade, é um pouco além disso. Quando meu lado simples está “ativo”, eu consigo numa boa conviver com as pessoas. O problema é quando eu preciso mais, de mim e das pessoas. Eu preciso falar e escutar coisas (ou deixar de falar e escutar coisas, em algumas ocasiões...) que não acontecem, simplesmente porque essas pessoas parecem não ter esse lado...
Sei lá, eu não quero o simples a todo momento. É mais forte que eu. Não sei se será assim nos próximos meses, nos próximos anos, mas hoje é assim. Eu briguei pela prevalência da leveza até o último instante, tentando fugir do peso e de outros sentimentos que me atingiriam, irremediavelmente. Mas fui obrigada, literalmente, a me desgarrar dessa luz (?).
Não tenho a menor pressa em te explicar essa real, mas isso vai acontecer um dia, e você entenderá melhor. O que eu acho importante te dizer nesse momento é que uma pessoa em especial está me ajudando a iniciar um processo de resgate de mim mesma, que, no presente momento, traz à tona tudo isso. Porque o pesado assusta, dói, mas é parte de um eu de quem não desisto mais.
Você continua tendo esses encontros? Espero que sim.
Vou agora mesmo ver se meu irmão me ajuda a criar essa porra de MSN.
Beijo

domingo, 19 de julho de 2009

Escrito para responder à pergunta "O que é Literatura?" - na comunidade do Orkut "Teoria da Literatura"

Uai! Cadê os alunos de Letras desta comu? rs
Literatura pode ser bula de remédio ou um recadinho num post-it? Até pode. Mas é a idéia de literatura stricto sensu que a palavra me evoca, ou seja, a arte da palavra, a plurissignificação e o efeito estético que dela resulta. Acho que é esta a acepção que guarda um aluno de Letras para a palavra literatura. A galera de Letras não vai, então, concordar? Ou discordar?
É uma pena que o ensino de literatura no Brasil faça com que a maioria esteja alheia a essa definição, ao que ela significa, e é bem por isso que obras geniais vão sendo substituídas por romances espíritas, livros de auto-ajuda, best sellers...
Não tenho dúvida de que cada fragmento de matéria cumpre uma função no universo. Respeito e até leio algumas coisas que não são literatura stricto sensu. Só acho muito triste perceber que as pessoas, mais por culpa do que é o mundo e a Educação no mundo nos últimos tempos, deixam de ganhar com o que os grandes escritores têm a nos dizer.
Eu quero mesmo é escrever. Cansei de ter medo. Cansei de me cobrar. É verdade que li muito pouco na minha vida, e se não fosse aluna de Letras até que me perdoaria por isso...
Mas o fato de ter bagagem ou não para escrever não me preocupa neste momento. A minha vontade (leia-se necessidade) prevalece.
Acontece que, como estou muito voltada para o dentro, pediria aos gatos pingados que vão me acompanhar neste espaço para terem paciência. Eu não sei o que vai sair, e não espero absolutamente nada certo de mim. A intenção é a de que um dia emerja literatura. Por enquanto eu sei que não, isso certamente não vai acontecer. Formação de opinião?... Acho que também ainda não. Provavelmente rascunhos, acho. Rascunhos de toda a ordem.

Essa é boa palavra pra mim, para o meu momento: rascunho...